Na mitologia popular, o sonho tem tradicionalmente um carácter profético: a avó sonhou que um raio caíra sobre o grande carvalho, e caiu; um vizinho sonhou que certo cavalo ganharia a corrida, e foi o que aconteceu. Ao ouvirem histórias destas, os cépticos contrapõem que para cada sonho que se confirma na realidade, muitos outros se revelam falsos.
Este cepticismo nem sempre foi partilhado pelos grandes pensadores, entre eles o influente Carl Jung, que acreditava firmemente que os sonhos, por vezes, poderiam predizer acontecimentos futuros. Nas suas memórias, narra como sonhara que um vento frio do Ártico varria os campos europeus e congelava as terras. Os homens tinham abandonado a terra e a vegetação estava devastada pelo gelo. Este sonho terá ocorrido em Junho de 1914, dois meses antes da eclosão da I Guerra Mundial.
O investigador do sono Richard M. Coleman previu uma vez, num sonho, determinado acontecimento desportivo, incluindo o seu resultado exacto e a jogada da vitória pelo jogador que de facto a fez. Coleman explicou este seu sonho, aparentemente profético, através da teoria das probabilidades. Calculando o número de adeptos que pensariam no jogo, o tempo de sonho que cada um deles teria, o número de jogadores de cada equipa, as combinações de resultados possíveis, seria provável que alguém sonhasse com o resultado certo…
Outros teóricos dirão que, enquanto dormia, a mente de Coleman juntara simplesmente os seus conhecimentos da modalidade e os jogadores envolvidos no jogo e fizera – com êxito – uma previsão da respectiva evolução. Os mesmos teóricos poderiam explicar de modo semelhante a experiência de Carl Jung: este lera o jornal, sabia como a situação política estava melindrosa, e a sua expectativa pessimista de uma possível guerra tomou forma no seu sonho.
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