O olfacto é um dos cinco sentidos básicos originado por estímulos do epitélio olfactivo que se encontra nas cavidades nasais. Esse é o único sentido directamente ligado às emoções e ao depósito de memórias. O epitélio olfactivo abriga aproximadamente 20 milhões de células sensoriais onde cada célula possui seis pêlos sensoriais também conhecidos como cílios. É bastante sensível, basta pequenas quantidades de moléculas para estimulá-lo, mas só consegue perceber um cheiro a cada vez.
O órgão olfactivo é a mucosa amarela que reveste a camada superior das fossas nasais. É rica em limitações nervosas que ao entrar em contacto com as moléculas dissolve-as pelo muco e penetra pelo órgão olfactivo alcançando os prolongamentos sensoriais. Tal reacção promove impulsos nervosos nas células olfactivas atingindo os axónios. Formam-se a partir de um espessamento epidérmico no crânio. A mucosa vermelha rica em vasos sanguíneos abriga as glândulas responsáveis por isolar o muco, deixando o nariz húmido.
Cada receptor olfactivo, ou seja, os nervos receptores que captam as moléculas de odor são codificados por um gene específico e o mau funcionamento desses ou algum dano provocado por uma lesão pode impedir que um indivíduo sinta o cheiro de algo específico.
Precisamos realmente do sentido do olfacto?
Não há duvida de que os cheiros nos ajudam a apreciar o que comemos e bebemos, pois representam quatro quintos do sabor que experimentamos. O olfacto alerta-nos, além disso, para o perigo de um fogo escondido ou de uma fuga de gás; atrai-nos a uma flor perfumada e aumenta o nosso prazer de uma tarde passada junto ao mar. Está também presente no olfacto uma das nossas capacidades de sedução, visto que foi provado que o cheiro que uma pessoa apresenta poderá determinar se outra se sentira mais ou menos atraída por ela.
O olfacto e as emoções
A percepçãoperseptiva é um processo que influi na trajectória de crescimento e reorganização do cérebro com vista a este se ir adaptando melhor ao ambiente e conseguir agir com mais eficiência inserido nele. E a parte mais antiga do cérebro, o rinencéfalo (cujo nome é composto por duas palavras significando «cheiro» e «cérebro»), que compreende as áreas olfactivas e límbicas, parece ter-se desenvolvido inicialmente a partir de estruturas olfactivas. O que indica que provavelmente a capacidade para experimentar e expressar emoções se terá desenvolvido a partir da habilidade para processar os odores. Só mais tarde na evolução darwiniana se parecem ter desenvolvido outras estruturas límbicas como o complexo amígdala-hipocampo.
Como no caso das emoções básicas, a resposta imediata aos odores transmite uma mensagem simples e binária: ou se gosta ou não se gosta; fazem-nos aproximar ou evitar. E verifica-se que, quando uma pessoa sofre um trauma que a faz perder o olfacto, o impacto se torna por vezes devastador: as experiências de comer ou fazer amor ou mesmo passear numa manhã primaveril ficam extremamente diminuídas. E há casos em que se verifica que há uma diminuição de intensidade mesmo em todas as experiências emocionais.
As memórias que incluem lembrança de odores têm tendência para ser mais intensas e emocionalmente mais fortes. Um odor que tenha sido encontrado só uma vez na vida pode ficar associado a uma única experiência e então a sua memória pode ser evocada automaticamente quando voltamos a reencontrar esse odor. E a primeira associação feita com um odor parece interferir com a formação de associações subsequentes (existe uma interferência proactiva). É o caso da aversão a um tipo de comida. A aversão pode ter sido causada por um mal estar que ocorreu num determinado momento apenas por coincidência, nada tendo a ver com o odor em si; e, no entanto, será muito difícil que ela não volte sempre a aparecer no futuro associada a esse odor.
Ferormônios
"A palavra ferormônio deriva do grego e significa "que transmite excitação". São substâncias que funcionam como mensageiros entre seres da mesma espécie, desencadeando respostas fisiológicas e comportamentais previsíveis. Eles foram originariamente descritos em insectos, nos quais apresentam importância fundamental para a preservação da espécie. Podem agir, por exemplo, atraindo o macho até a fêmea, ou retardando a maturação sexual em abelhas fêmeas, que então se tornariam operárias."
A importância dos ferormônios, nos mamíferos, é menor, em parte devido ao desenvolvimento de outras formas de comunicação, como expressões faciais, gestos e linguagens. Os mamíferos, excepto o homem, possuem glândulas especiais que produzem ferormônios, e como não possuem antenas, eles desenvolveram um órgão chamado "Órgão Vomeronasal" (OVN), que funciona como um receptor de ferormônios. Esse órgão é mais sensível que o olfacto, já que consegue detectar quantidades mínimas de moléculas.
Amor ao primeiro cheiro
Aparentemente, o olfacto parece ter uma implicação importante no comportamento sexual humano. Foram descobertas várias substâncias presentes em secreções corporais que poderiam actuar como ferormônios sexuais, como por exemplo, a androstandienona do suor masculino e as copulinas da secreção vaginal.
Alguns estudos foram realizados usando-se substâncias semelhantes aos ferormônios, baseados na hipótese de que os ferormônios com função atractiva sexual apresentariam odor agradável. Entretanto, os resultados não confirmaram essa hipótese, levando à conclusão de que odores agradáveis não necessariamente significam atracão sexual. Aliás, algo facilmente reconhecido é que nem todo odor agradável tem associações sexuais.
Jennings-White estudou as respostas do OVN humano a substâncias semelhantes aos ferormônios e encontrou que as mais activas foram: estratetraenol e androstandienona. Também relatou que elas são sexo-específicas, ou seja, a primeira actua sobre os homens e, a segunda, sobre as mulheres. Os ferormônios de outras espécies não mostraram acção sobre o OVN humano.
Parece que, como em outros mamíferos, através dos ferormônios, as mulheres conseguiriam evitar parceiros com alguns tipos de genes semelhantes aos dela, como um mecanismo "antiincesto". Isso seria conseguido através de substâncias específicas exaladas por cada indivíduo.
Em um estudo publicado em 1999, os pesquisadores avaliaram as respostas de homens e mulheres com relação à simetria e ao odor corporais. Foi percebido que a sensualidade do odor é um indicador mais relevante na escolha do parceiro, mais do que simplesmente se o odor é agradável ou não. Um achado interessante foi o de que as mulheres percebem mais a diferença entre um odor agradável e um odor sensual durante a fase mais fértil do ciclo menstrual. Assim, foi concluído que o odor corporal é um factor relevante na escolha do parceiro.
O nosso sentido de olfacto pode aumentar ou diminuir?
A idade, a saúde, o tempo, a altitude e a humidade são apenas alguns dos factores que influencia a percepção dos cheiros. A maneira mais simples de aumentar o sentido do olfacto r respirar pelo nariz, para que uma maior quantidade de ar passe pelas células receptoras do epitelio. Por outro lado, se as vias nasais estão entupidas, o olfacto e prejudicado, dado que bloqueiam a passagem de ar ate aos receptores. E porque o cheiro contribui para 80% do sabor dos alimentos, não e de espantar que as pessoas constipadas se queixem da sensaboria do que comem. Também as vítimas de lesões graves na cabeça perdem ocasionalmente o sentido do olfacto. Chama-se anosmia á incapacidade de sentir os cheiros. Cerca de 25% das pessoas que perdem o olfacto, perdem também o interesse pelo sexo pois, embora poucos disso se apercebam, os odores desempenham um papel importante na activação dos impulsos sexuais.
Quantos odores conseguimos identificar?
Têm-se feito inúmeras tentativas para classificar os odores, mas nenhum sistema é aceite universalmente. Com base nos testes psicológicos, pensa-se que o ser humano consegue detectar entre 4000 e 10 000 odores, cada um deles composto por diversas concentrações dos 7 odores primários: éter, cânfora, almíscar, floral, menta, picante e pútrido.
A mulher possui um sentido de olfacto mais apurado que o homem?
As mulheres são mais sensíveis que os homens a uma diversidade de cheiros. E possível que a hormona sexual feminina estrogénio seja responsável por esta diferença sensorial, pois que, a medida que os níveis aumentam ou diminuem durante o ciclo menstrual, a sensibilidade olfactiva da mulher varia no mesmo sentido.
A mulher é mais sensível aos cheiros durante a ovulação, quando os níveis de estrogénios são altos, e menos sensíveis durante a menstruação, em que eles são baixos.
Calcula-se que a mulher quando esta grávida é 2000 vezes menos sensível a odores do que quando não está.
Os apetites bizarros das mulheres grávidas e as estranhas combinações alimentares com que se deleitam poderão dever-se, pelo menos em parte, ao embotamento do olfacto durante a gravidez.
Este facto leva as mulheres grávidas a tolerarem alimentos invulgares e mesmo gostarem de sabores que antes achavam desagradáveis.
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